Preconceito Racial – Documentário “Olhos Azuis”

Blue Eyed – Olhos Azuis (1996) é um documentário que acompanha o trabalho da prof. Jane Elliott, que realiza um experimento pedagógico sobre o preconceito, em especial o preconceito racial. O experimento consiste em dividir um grupo de pessoas entre brancos de olhos azuis e outros. As pessoas brancas de olhos azuis são, então, postas em situações de preconceito, inferiorização, sujeição, humilhação, baseadas simplesmente em uma característica física arbitrária – seus olhos azuis.

O exercício é chocante e revelador, tanto para os “olhos azuis” quanto para os demais, e nos ajuda a perceber os atos preconceituosos que permeiam as interações sociais cotidianas, e que reforçam as desigualdades e a situação de inferioridade em que são colocados grupos amplos como as mulheres, os negros, os imigrantes, homossexuais e pessoas com deficiências físicas ou mentais.

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Como funciona a eleição de deputados

A eleição de deputados, assim como a de vereadores, é chamada de proporcional

http://www.brasildefato.com.br/node/802

21/09/2010

Matheus Lima

A eleição de deputados, assim como a de vereadores, é chamada de proporcional. Este texto pretende explicar como funciona a eleição proporcional.

O estado de São Paulo, por exemplo, tem direito a 70 deputados federais. Não serão necessariamente os 70 mais bem votados que serão eleitos. A conta funciona do seguinte modo.

O total de votos válidos é dividido pelo total de vagas para se chegar ao quociente eleitoral. São considerados votos válidos os votos nominais – no número do candidato – e os votos de legenda – no número do partido. Brancos e nulos são inválidos e não contam. A votação para os demais cargos – presidente, governador, senador e deputado estadual – não interferem em nada na eleição para deputado federal, cada eleição é independente uma da outra.

Se houver em São Paulo 21 milhões de votos válidos, o quociente eleitoral será de 300 mil votos (21 milhões dividido por 70 é igual a 300 mil). Somente os partidos, ou coligações, que alcançarem o quociente eleitoral, 300 mil votos, têm direito a eleger deputados.

Os partidos podem se coligar. Na prática, isso significa que os partidos coligados formam um único partido para a eleição. A votação da coligação é a soma de todos os votos nominais e de legenda. O voto na legenda não é contado somente para os candidatos daquela legenda, mas para todos os candidatos da coligação. Os partidos podem ter diferentes coligações para os diferentes cargos. O PA pode se coligar com o PB para a eleição de deputados federais e com o PC para a eleição presidencial.

Vejamos a seguinte situação. A coligação Azul fez 310 mil votos, superando assim o quociente eleitoral. João, o seu candidato mais bem votado, que teve 100 mil votos, será eleito. José, da coligação Amarela, obteve 150 mil votos, porém, o total de votos da coligação foi de 280 mil, não superando assim o quociente. José não será eleito, mesmo tendo mais votos do que o João.

Outra situação. A coligação Verde, que é formada pelo Partido X e o Partido Y, obteve 900 mil votos e pode eleger 3 deputados. Os votos na legenda PX totalizaram 400 mil. Porém, os 3 candidatos mais bem votados da coligação são do PY. Deste modo, nenhum candidato do PX será eleito mesmo a legenda PX tendo obtido mais votos do que o quociente eleitoral.

Nesta eleição, de 2010, o PT está coligado com vários partidos, entre eles o PR, do palhaço Titirica. Isso significa que todos os votos do palhaço e do PT – nominais e de legenda – vão para o total da coligação. Em 2002, Enéas Carneiro teve mais de um milhão de votos. Por isso, outros deputados da sua coligação foram eleitos mesmo tendo uma votação baixíssima. Um deles, o Baratão, teve menos de mil votos.

Por fim, quando você vota em um candidato a deputado, ou a vereador, você está votando automaticamente em todos os candidatos da coligação. Numa eleição proporcional nunca se vota apenas em uma pessoa, o voto sempre conta para todo o grupo do qual ela faz parte. O voto no honesto que está coligado ao bandido ajuda também o bandido. Pense nisso antes de votar.

Matheus Lima é professor da rede pública estadual de São Paulo

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Textos digitalizados

Alguns dos textos de apoio que estamos usando neste semestre estão na internet. Vou reunir nesse post, provisoriamente, alguns links para eles. Boa leitura!

Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, de Friedrich Engels (em especial Parte III: Materialismo Histórico )

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Surplus – Aterrorizados pelo consumo

Primeira Avaliação Sociologia – 1° Bimestre 2011

Clique para fazer o download, imprima a folha de resposta. A resenha deve ser manuscrita, a caneta. Nesta folha há um espaço de 30 linhas, suficiente para redigir a resenha. É importante ser claro e também sucinto! A data de entrega, impreterivelmente, é 11/04 segunda-feira.

Bons estudos!

Surplus é uma produção sueca, do diretor Eric Gandini (2003)[1,2] e com a participação de Adbusters (coletivo artístico de contra-propaganda). O documentário em forma de remix e videoclipe faz uma incisiva crítica à sociedade de consumo, ao consumismo enquanto ideologia e estilo de vida, e às mazelas geradas pela superprodução, o lixo e o desperdício. Feito no período imediatamente posterior à explosão de manifestações[1] antiglobalização de 1999-2005, o documentário abre com cenas das manifestações antiglobalização de 2001 em Gênova[1,2], Itália, onde a repressão policial resultou na morte de Carlo Giuliani.

Mas não é inócuo criticar o consumo? Afinal de contas, consumir nada mais é que satisfazer nossas necessidades humanas, e na nossa sociedade fazemos isto através da compra. Pois, o argumento do diretor é exatamente que a forma de produzir os bens que consumimos tem algo de irracional, excessivo, em última instância insustentável. O ponto forte do argumento é que não podemos continuar consumindo como consumimos, e não há possibilidade de almejar que toda a humanidade atinja os padrões de consumo do primeiro mundo – que conta com apenas 20% da humanidade, mas consome 80% dos recursos produzidos na economia mundial. Se todos consumíssemos como o primeiro mundo precisaríamos de mais dois ou três planetas em termos de matérias primas.

A irracionalidade é tal, que transformamos o mundo, a natureza em “matérias primas”, ou seja, em mercadorias às quais dispomos como se estivéssemos num supermercado.

Outro argumento forte do documentário é o da transformação, que este modo de produzir e consumir no qual vivemos, imprime nas relações sociais. Vemos o mundo como mercadoria, e de maneira similar vemos nós mesmos e os outros seres humanos como mercadorias também, como coisas – a cena da fábrica de bonecos e dos exercícios feitos no espaço de trabalho transmitem este estado de distanciamento imposto pelas relações sociais de trabalho e consumo.

O trabalho estético, que encontra a musicalidade dos instrumentos de trabalho/meios de transporte/locais de produção, com seus ritmos duros, contínuos, impassíveis é de uma sensibilidade extraordinária. De modo similar o contraste entre a paisagem urbana, os centros de tratamento do lixo, o depósito de pneus usados e o enorme cemitério de navios oferece uma necessária contemplação sobre os diferentes momentos pelos quais passa a produção/consumo/descarte dos bens que consumimos diariamente, e que chegam a nós por intermédio do discurso publicitário que procura afastar, acima de tudo, a consciência sobre a forma de produção daquele bem.

Vale também pela comparação que o diretor tece entre o consumismo das sociedades avançadas, e a experiência socialista de Cuba – note-se, é uma comparação que estabelece também uma crítica ao regime cubano. Percebeu que crítica é essa? Mande pros comentários!

Parte 1 (Legendado)

Ou vá direto à lista de reprodução.

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De Beirute à Bosnia

Documentário [em inglês, sem legendas] em três partes de Robert Fisk, jornalista do The Independent britânico e correspondente à época em Beirute, Líbano. O jornalista atravessa zonas de guerra da Europa oriental ao oriente médio, buscando as histórias dos conflitos armados envolvendo muçulmanos, cristãos e judeus – ou muçulmanos e ocidentais – para responder à questão “por que tantos muçulmanos vieram a odiar o ocidente?”.  Produzido para o Discovery Channel o documentário acabou banido do canal em 1993.

Parte 2. Estrada para a Palestina

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Telenovela e Cultura Brasileira

Um dos principais produtos da indústria cultural brasileira é, certamente, a telenovela. Surgida na década de 50 o gênero floresceu no Brasil e se tornou, hoje, mais que uma febre. Assistir a novela é um ritual enraizado no cotidiano de uma parcela importante dos brasileiros e brasileiras. Mas as estórias contadas nas telenovelas não são neutras, quer dizer, a narrativa transmite também valores e difunde perspectivas sobre a sociedade, política e cultura brasileiras. Então a questão que se põe é, qual será a real influência que as novelas exercem sobre a sociedade? A novela seria capaz de moldar o indivíduo, reafirmar preconceitos ou valores, incutir perspectivas políticas de certos grupos sociais?

Separei três leituras para quem se interessa pelo tema. O trabalho de Ondina Leal, “Leitura Social da Novela das Oito” retrata a recepção da novela entre a população brasileira, e é resenhado no texto abaixo. Uma reflexão teórica forte, e bastante central no debate brasileiro, sobretudo, sobre a indústria cultural faz Renato Ortiz, em especial os livros Moderna Tradição Brasileira (2001) e Mundialização e Cultura (1994).

Para uma reflexão mais pontual, o artigo sobre a minissérie Os Maias – Literatura na Televisão oferece uma reflexão sobre os bastidores da indústria cultural a partir de uma observação sobre a veiculação, promoção e recepção desta produção da Rede Globo.

O site Teledramaturgia traz bastante informação sobre o gênero e sua história no Brasil, e pode ser uma fonte para a pesquisa.

Bons estudos!

A Leitura Social da Novela das Oito de Ondina Fachel Leal. Petrópolis, Ed. Vozes, 1986

por José Mario Ortiz Ramos

A telenovela, esta produção ficcional seriada que sustenta e inclusive projeta internacionalmente a maior rede de televisão do pais, foi até o momento praticamente ignorada pelas ciências sociais. Os trabalhos sobre o tema são restritos, e em sua maioria realizados no âmbito dos cursos de comunicações. Faltam estudos históricos, econômicos e mesmo análises mais aprofundadas de conteúdos e linguagem. Neste deserto o livro A Leitura Social da Novela das Oito, de Ondina F. Leal, tem o importante papel de preencher em parte a lacuna, e pode ser inspirador de novos estudos que permitam alargar a compreensão desta produção cultural.

A opção da autora é clara: abordar o universo da telenovela pelo “pólo da recepção da mensagem”, procurando clarificar o processo de absorção dessa massa de imagens e sons que cotidianamente magnetiza os telespectadores. A autora vai acionar as contribuições da antropologia ─ da pesquisa de campo às reflexões de Mareei Mauss ─ articulando-as com uma crítica da cultura ancorada principalmente em Pierre Bourdieu, mas onde se nota também os ecos de Gramsci. O trabalho insere-se portanto mais no campo das interrogações sobre as práticas e significados da cultura popular, que no interior da vertente que analisa a indústria cultural tendo como referência os frankfurtianos.

A partir desta delimitação mais ampla a pesquisa foi direcionada para dois grupos de receptores, escolhidos por sua posição de classe (os grupos “popular” e “dominante”), já que a autora acredita que este recorte possibilita o acesso a um “locus privilegiado de significação”. As técnicas de pesquisa foram eminentemente qualitativas, com entrevistas abertas e “observação participante”, tendo sido aplicadas na recepção da novela “Sol de Verão” (1982/83) da Rede Globo, escrita inicialmente por Manoel Carlos e depois da morte do ator Jardel Filho por Lauro Cezar Muniz. Ondina Leal ainda enriquece a pesquisa e o trabalho com uma série de fotografias das casas dos entrevistados, concretizando uma “etnografia dos objetos” que revela as preferências estéticas dos receptores da novela. Aqui é nítida a influência de P. Bourdieu e sua análise do gosto onde os agentes se posicionam conforme o “capital cultural” e acionam “estratégias de legitimação”.

Vemos então a televisão compondo de forma diferenciada a decoração das residências.

Inicialmente temos uma descrição detalhada dos universos popular e dominante, e num segundo momento surgem as “leituras” da novela pelos grupos em oposição.

O aparelho de TV e o hábito de assistir novelas aparecem como parte integrante de uma vivência de grupo para o pólo popular, permitindo o acesso a “saberes legítimos”: “A televisão é o objeto que veicula uma fala moderna e sábia, é a racionalidade dentro do universo doméstico, e a ordem racional, contraditoriamente, é sagrada como mística. (…) O aparelho de TV é ostentado como bonito porque ele é modernidade, e ostenta-se com ele o poder aquisitivo da posse a prestações” (p. 38-39). No outro extremo, o da “alta classe média intelectualizada”, a novela sofre uma perda de legitimação e vai encarada como “alienante”, ou mera “diversão popular”. E também o aparelho vai perder seu caráter mágico cegando a ser banido para as “salas de TV”.

Após ter captado como televisão e telenovela se inserem nos dois domínios, a autora vai esmiuçar o processo de recepção. Como referência isola alguns elementos temáticos da narrativa da novela, e analisa a partir deles o posicionamento dos núcleos familiares. Vão surgindo assim as questões centrais do trabalho, tanto aquelas mais amplas relacionadas com o processo de recepção de um produto cultural, como as visões diferenciadas de aspectos e personagens da novela. A questão central, que atravessa este núcleo do livro, é sem dúvida a tensão, e às vezes sobreposição, entre os planos da ficção e do real. Para a autora o pólo popular mantém um distanciamento menor do universo ficcional, fazendo uma ponte entre o seu cotidiano e o imaginário da ficção seriada. Já os dominantes mantêm-se mais afastados, marcando sempre a irrealidade do ficcional. O texto aprofunda aqui uma tendência já demarcada anteriormente, quando tocou no ritualismo e atmosfera mágica que cerca a recepção nas famílias populares. No entanto, estamos agora num domínio de apreensão mais difícil através de entrevistas e observação, pois trata-se de captar o “encantamento da identificação” ou o “apelo identitário” como coloca a autora.

Enfim, penetrar no território das projeções/identificações criado pela relação indústria cultural-público como já mostrava Edgar Morin em L’Esprit du Temps, obra não citada mas próxima da análise de Ondino Leal. È este plano parece ser difícil também de captar através do corte de classe.

Será que o universo ficcional atinge e molda mais o grupo popular que o. dominante? Ficam dúvidas em relação à afirmação de que “o final” das novelas, que mobiliza sempre atenções nacionais, “não é fundamental” para o setor de “classe alta”: “A novela (para este grupo) vale por seus diálogos, quando de bom nível, sua atualidade, mostrando as modas de Ipanema, sua plasticidade e técnica, independentes do final (p. 69).

Não estaríamos aqui diante de um domínio enigmático, requerendo um instrumental de análise que ultrapassa a antropologia? São questionamentos que o trabalho sugere, e que inclusive o remete para discussões mais complexas, e ainda pouco desenvolvidas, no campo da recepção de criações ficcionais.

Mas em diversos outros momentos o trânsito real-ficção é bem explorado, surgindo claramente as diferenças culturais entre os grupos. O posicionamento diante da sexualidade e da posição das mulheres, uma característica de “Sol de Verão” é bem captado, as mulheres populares oscilando entre a crítica preconceituosa e a adesão às atitudes de Raquel. (Irene Ravache), as do outro pólo se identificando com a personagem mas marcando seu caráter fictício. São também interessantes. as reações diante dos personagens Noêmia e Zito, um casal de zeladores com inúmeros problemas, e que são apontados pelos dominantes como personagens “realistas” e praticamente não são notados pelo pólo popular:

“Nega-se a identificação explicita porque é penosa, e é negando que se reforça o efetivo e inconsciente mecanismo da identificação” (p. 74).

O grupo popular estabelece assim sempre relações mais íntimas com a telenovela, dominando a circulação de atores e autores pelos diversos horários, participando do encantamento, do hau das novelas. E a autora vai recorrer à noção de mana de Marcel Mauss, para encerrar o trabalho com uma discussão sobre “cultura e ideologia”. O mana como “exercício de um poder que o ritual recompõe” atesta que a ordem simbólica está sempre atravessada por relações de autoridade, de poder. A eficácia da ordem simbólica estaria desta forma entranhada com a ideologia, carregando no seu interior tanto a tendência à reprodução da ordem social como os germes da transformação. A contraditoriedade do simbólico, a luta pela hegemonia no campo cultural são indicadas na conclusão.

Mas fica uma certa área obscura entre esta discussão reais no plano teórico e o cerne do trabalho que consiste na captação das nuanças das diversas leituras da novela.

O corte mais politizado do final não estabelece vínculos claros com a análise que mescla posicionamento de classe e reações diante da. ficção televisiva. Mas a combinação da teoria. antropológica com um enfoque mais politizado é instigante, sendo que o livro abre interessantes possibilidades neste sentido e que merecem um aprofundamento.

A Leitura Social da Novela das Oito contribui, portanto, com a análise da telenovela e televisão de forma inovadora, ampliando a análise da indústria cultural no país.

Se esta opção for articulada com as formas de estruturação das produções ficcionais televisivas, com o lado digamos estético-cultural das obras, e ampliar a sua interlocução com a questão da cultura popular, poderemos caminhar para um quadro mais elaborado da desprezada produção cultural da modernizada sociedade brasileira.

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A sociologia é a prática de desvendar o oculto social

Para inspirar quem vai enfrentar a monografia em sociologia, as palavras de Pierre Bourdieu (nesta entrevista):

“As chances de contribuir para produzir a verdade me parecem, de fato, depender de dois fatores principais que estão ligados à posição ocupada: o interesse que se tem em saber e em fazer com que se saiba a verdade (ou, inversamente, em ocultá-la e em ocultá-la de si mesmo), e a capacidade que se tem para produzi-Ia. Conhecemos a frase de Bachelard: “Só existe a ciência do escondido”. O sociólogo está tão melhor armado para descobrir este escondido quanto melhor armado cientificamente estiver, quanto melhor utilizar o capital de conceitos, métodos, técnicas, acumulados por seus predecessores, Marx, Durkheim, Weber e muitos outros, e quanto mais “crítico” ele for, quanto mais subversiva for a intenção consciente ou inconsciente que o anima, quanto maior interesse ele tiver em revelar o que está censurado, reprimido, no mundo social.

(…)

Se o sociólogo consegue produzir alguma verdade, não é apesar de seu interesse em produzir esta verdade, mas por causa de seu interesse − o que é exatamente o contrário do discurso um tanto imbecilizante − sobre a “neutralidade”. Este interesse pode consistir como, aliás, sempre acontece, no desejo de ser o primeiro a fazer uma descoberta e se apropriar dos direitos que daí decorrem, ou então na indignação moral ou na revolta contra certas formas de dominação e contra aqueles que as defendem no seio do campo científico. Em suma, não existe imaculada concepção”

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Questão de Gênero

No artigo Estudos de Gênero: uma sociologia feminista? a socióloga Lucila Scavone faz uma revisão das pesquisas e linhas teóricas que se desenvolveram nos trabalhos sociológicos feitos sobre a questão feminina.

Machismo, patriarcalismo, dominação masculina, violência contra a mulher, desigualdade de gênero, as abordagens e os problemas tratados pela sociologia acompanharam o desenvolvimento de outras questões da modernidade – participação, sufrágio e direitos políticos, organização operária, liberdade sexual e reprodutiva, movimentos contraculturais e de direitos civis, novas tecnologias e organização da sociedade do trabalho. A teoria sociológica foi marcada, não só nas questões de gênero, pelo diálogo constante com o “mundo real”, com os movimentos sociais e políticos e as teorizações e discursos que surgem das vozes destes movimentos.

Vale a leitura para quem quer conhecer o percurso da sociologia no tratamento de um dos temas centrais da sociedade moderna – o lugar da mulher na sociedade, o rompimento com tradições profundamente arraigadas sobre o papel da mulher na família, na comunidade, na sociedade, como a mulher deve se portar e ser, a beleza e os atributos naturalizados da mulher (cuidadosa, maternal, atenciosa, bela, delicada).

Boa Leitura!

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Brasil, Brasil – programa da BBC sobre música brasileira

Como prometi, encontrei a referência daquele documentário! Os britânicos sabem mais da nossa música que nós? Besteira, o fato é que o documentário da BBC é bastante extenso e, a pesar de ter sido feito para o público britânico, tem muita informação interessante para conhecer a história da música brasileira moderna. Recomendadíssimo.

Entitulado “Brasil, Brasil”, é dividido em três episódios – todos podem ser encontrados no Youtube. Esta é a segunda parte, e diz respeito ao período que vai do golpe militar(1964) à abertura democrática(1988). (clique abaixo para ver)

Editando: Sim, vi que os vídeos do segundo capítulo não tem legendas… já as encontrei e vou colocar logo mais.

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Documentário “A Ponte” de João Weiner

“O mundo é diferente da ponte pra cá” reza a letra de Racionais MCs. A cidade é dividida, subdividida, planta barreiras invisíveis mas estranhamente familiares a todos que nela habitam: lugares permitidos e não-permitidos. O espaço urbano, em especial o paulistano, é marcado pela ruptura, pelos espaços descontínuos, privatização de espaços públicos – já em extinção -, e a criação de enormes não-espaços como as marginais Tietê e Pinheiros (lugares onde não se pode “estar”, só de passagem, lugares que não existem mais para o cidadão).

A explosão demográfica dos 70-80, com industrialização combinada com o crescimento dos empregos de escritório, ocorreu de maneira desordenada, ao gosto dos “mercados” (financeiro, de trabalho, imobiliário). O processo de rápida urbanização gerou a megalópole que hoje conhecemos e não conhecemos, um imenso contínuo de concreto e aço, conurbando 39 municípios e mais de 19 milhões de habitantes.

O documentário (Clique em “manter a leitura” para ver) “A Ponte” de João Weiner retrata a questão da segregação social e dos espaços urbanos fissurados em São Paulo.

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